Supersubfaturado

Thursday, December 29, 2005

O contador de histórias

"Falar de música é como falar de sexo: melhor praticá-los." Quem diz isso é Bruce Springsteen, o homem que, pela música, fala de sexo. E, nos 110 minutos do DVD da série "Storyteller", Bruce fala de música mesmo sabendo que aquilo é uma idiotice.
A cada intervenção, reconhece que não era o que pensava ao escrever a canção; era o que sentia. Mas, àquele instante, pouco importava. Falar e sentir eram a mesma coisa. E melhor, àquele instante, era reconhecer que o fraseado de guitarra, o piano e a gaita eram parte das letras.
E assim passam-se grandes momentos, quando assume que músicas como "Nebraska" e "Jesus Was a Only Son" não são bem sobre o que sentia, enquanto "Blinded by the Light" e "Thunder Road" eram, sim. Bruce comporta-se como o grande amigo que você jamais conheceu: parece saber tudo, ter assunto para tudo, rir de todas as suas bobagens (como em uma passagem de "Thunder Road", que ele reconhece uma das estrofes como "das mais idiotas que escreveu").
Ele responde às perguntas e foge dos lugares comuns, como quando é perguntado por uma nipo-americana sobre como é ser supernotada e, ao mesmo tempo, ser invisível aos olhos dos EUA _"eu cresci numa rua de negros e brancos e nela a integração acontecia a todo tempo".
Se todos os conhecem, sabendo de todas suas músicas? "Não, claro que não." Sim, porque ele vai além do contador de histórias. Bruce é o cara, é o chefe, ou como você quiser chamar.

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