Supersubfaturado

Friday, June 09, 2006

Talvez não seja segredo para quem acompanha estas linhas _ou deixou de acompanhá-las, já que não apareço nem dou satisfações há uns dois meses_, mas, de uma semana para cá, minha vida é mais só do que costuma ser. Eu durmo mais, canso menos, atravesso a cidade uma vez ou outra, encosto a cabeça em um travesseiro e leio, quase rezo.
A solidão pura, seca só experimentei em viagens, quando um quarto era meu e aquele era o meu pedaço de mundo onde ninguém nada poderia me perguntar. Lá, eu poderia ajustar minhas inseguranças e talvez dizer para deus (em caixa baixa mesmo) que estava tudo bem, estava contente em agradar apenas a mim, em ser um egoísta que não está em busca da felicidade _dane-se a felicidade ou qualquer coisa que se aproxime dela.
Mas agora este é todo o meu tempo. Posso, sim, estar preocupado com outras coisas porque decidi não dividir mais meu tempo e preocupações com outros. Sim, eu fiz minhas trouxas e levei para um lugar indefinido, onde sou só segredos e que ninguém me pergunte quais são eles. Eu indefini minha vida num quarto de apartamento, dormindo mais do que eu passo, passando pelo supermercado menos vezes do que preciso, faltando à terapia, arrancando ninguém do sono e sem importância para que alguém me arranque da cama ao meio dia, de 12 horas arrastadas sob um edredon, gastas com o nada. Eu estou perdendo metade do que teria para viver, assim, não vivendo, morrendo sem sonhos numa cama.
Eu não queria deixar minha vida assim sendo gasta à toa. Ora, às favas com a Copa simulada no videogame, na música que só eu vou ouvir quando sair do aparelho de som. Só queria alguém que entendesse o que eu sinto quando escuto "August & September", algo tão indefinível como é impreciso definir aqui o que é esta solidão.

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