Supersubfaturado

Friday, December 31, 2004

Galega...

O pernambucano é um tipo barrigudo e pinguço e que ama as mulheres. Deveria ser a definição típica de um macho, mas é só a de um pernambucano. Porque, sabe-se lá por qual motivo, eles têm o prazer de expressar isso – seja nas músicas ou na vida mesmo. Para eles, nada mais vale que o amor pela galega.
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A primeira lição foi de Fred Zero Quatro, em 1994, no elogio ao amor preguiçoso de Musa da Ilha da Grande. Mais tarde, amarrou-se na paixão de botequim e violão de Meu Esquema ("ela é o meu domingão de sol"). Depois tem o Xico Sá, o homem mal-diagramado que declama e faz cair de amores as mulheres de São Paulo. É dele o repente de todas as noites, bêbadas ou não.
E tem o nosso presidente, que é daqui também. Para ele não há amor maior que o da galega. Em Entreatos, ele senta no tapete com a Marisa, de mãos dadas como um noivo pós-casamento. E há a cena em que descreve o dia em que saiu da concessionária com uma TL, de banco reclinável, só para impressionar a galega, que, sim, ficou impressionada. Essa paixão cinquentona dos dois em nada lembra a relação profissional de Fernando e Ruth. Essa paixão é nossa e de Pernambuco.
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A garçonete de coque e cabelo avermelhado passeava no restaurante mexicano sem descobrir que aquele penteado e aquele tom saíram de moda em 1996 ou 1997 – quando mulheres falíveis como ela se esforçavam para dizer que não eram tão falíveis assim, tatuando um ou outro dragão no braço. Mas deu vontade de desamarrar aquele coque, me aprofundar naquele vermelho e me importar pouco se o ano não é aquele do penteado. E de publicar um anúncio chamando-a para dividir um puxadinho num canto qualquer, aqui ou em Itaquera. Mas fiquei no daí de cima.

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