Supersubfaturado

Friday, December 24, 2004

Tudo vai mal, tuuuuuuudo

Dezembro é o mês das manias do Roberto. Do especial de ano-novo e do disco anual. Este ano, como no da morte de Maria Rita, não, mas, ao contrário daquele, quando não houve nem sinal de produção do velho RC, este despejou um DVD sem graça – o show deve ter sido o máximo; a gravação, não. Mas Roberto, o querido, o velho, o amigo, vez ou outra dá de tecer reencontros. Em um deles, com o toca-CDs, tive de volta à mão parte da infância perdida em compactos de 7''.
O melhor deles é o de 71. É uma obra de soul gospel, de baladas e desabafos. Ele ainda não havia decidido apenas pelos bolerões que fizeram dele a fama dos anos 70. Todos Estão Surdos faz hoje mais sentido que de costume (o amigo que ele suplica a volta é o nosso amigão Jesus Cristo). E o Caetano cantando pela voz de Roberto em Como Dois e Dois São Cinco é de arrepiar. Nunca um desabafo funcionou assim, como um telefone sem fio. O mano baiano monta uma letra para levar a mensagem para aqueles que entenderem, por quem jamais um censor poderia então entender.
Tem uma coincidência no meio do reencontro que é o livro do PAS. Mas é coincidência, porque ele acontece após o estímulo do camarada Zoyd, principalmente o daquela noite maluca do show do Mundo Livre S/A, quando o louco deu de ouvir a música do Ronnie Von para eu jamais tirar do meu toca-discos (a versão do Otto, que é a grande figura deste 2004 que se encerra agora). Mas o livro do PAS é viajante demais, cai demais no próprio back fumado pelo jornalista. Não dá para compartilhar do mesmo vício que o colega do quarto andar. Já o Roberto dá a abertura para todas as interpretações possíveis. E é bom você ouvir para ter a sua da próxima vez que a gente conversar.

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