Supersubfaturado

Tuesday, December 07, 2004

Cara e queixo

Ela tinha cara e queixo de que um dia seria mais do que foi àquela noite. De uma forma ou de outra, roubou copos do rapaz ao lado para distribuí-lo com quem mais gostava – e, naquela noite, era eu esse cara. Nos dias seguintes, colou sua mão à minha enquanto caminhavamos pela praia, ela sem muita vontade de comer, eu sem muita vontade de estar em outro lugar. E assim os dias seguiram, e mais de uma vez fui bloqueado pela idéia de declarar que aquele era o dia que eu queria há tanto tempo, e que ela era a mulher que um dia eu vi marcado em um ou outro sonho.
Vi o tempo passar e os anos evaporarem em casos mal-resolvidos – e ela estava em um deles. Na noite em que esbarrei no seu pé sem perceber que a ela pertencia, notei que ou o tempo havia passado rápido demais ou sido mais cruel que de costume. Diferenças bloquearam o amor e vi aquela tempestade transformar-se em um sopro. Não era dela a escolha feita há três anos, e eu estava novamente frustrado, à caça de mulheres que fossem mais do que aquilo.
Nesse dia percebi que a minha opinião era uma arma. Ela poderia desmontar noites quentes de inverno com lembranças mal-construídas.

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