Supersubfaturado

Thursday, December 30, 2004

Um trono para Wayne

No sábado, meio cheio do Natal em Salvador (a mina do albergue extorquiu 40 reaus de cada um para um festinha meia-boca. Não participei, mas tomei cerveja dos gringos sem trocar os presentes), fui ao cinema assistir Bob Esponja. O filme era comentário de amigos no domingo anterior e uma das missões de fim de ano. Quer saber? Melhor ficar com os episódios e etc, que são bem mais interessantes. Do filme, resta o retardado do Bob e a princesinha dublada pela Scarlett Johanson. O Patrick tem aquele desempenho de sempre, meio o Dedé Santana do Bob. Mas a cena dele apaixonado pela princesinha é demais.
Só não digo que vale o filme porque o melhor é quando começam a subir os créditos. E daí surge Sponge Bob e Patrick contra alguma coisa, que é a música feita pelo Flaming Lips especialmente para o filme. Por uma suposição, penso que deve ter sido feita para uma cena especial, cortada logo depois de o filme ser editado. Deve aparecer nos extras do DVD.
Nela, Wayne Coyne continua com o seu sotaque de Neil Young e o som mezzo esquizofrênico mezzo suave de sua banda. Desde que nasceram, no quase hardcore dos anos 80, eles apenas experimentam a evolução. Depois de construir um clássico, Transmission from the Sattelite Heart, emendaram com um trabalho obscuro (Zareeka, quatro CDs para serem ouvidos simultaneamente que ninguém ouviu, numa viagem sem comparações na história do rock) e outro clássico, ainda maior e melhor – Soft Bullettin, de 1999. Yoshimi Battles of Pink Robots, de 2002, não é melhor nem pior, segue na mesma trilha. Não é clássico, pois pouco acrescenta ao inventado três anos antes. Mas é o trabalho que conduziu o FL de volta ao mainstream. Sim, eles tiveram a sorte do Pulp em 1996, ao serem escalados para tapar o buraco de outra banda num dos megafestivais britânicos (no caso, os estourados White Stripes). E, por fim, chamaram a atenção por shows sangrentos e com bichinhos de pelúcia, o que em resumo pode parecer besta e bestial, como técnicos de futebol adoram ser tratados no auge e no auge das crises.
Na busca por bandas no cume, eu não encontro paralelos à posição do Flaming Lips. Eles são a melhor banda de rock no mundo hoje. A que mais evoluiu, a que mais dá orgulho de gostar (assim como no futebol dá orgulho de torcer pelo Corinthians depois da campanha de 2004). Mal comparando, parece que aquela ascensão do U2 pós-Actung Baby, quando tudo que eles tocavam pareciam virar algo dourado. Era assim nas turnês, nas trilhas sonoras, nos discos. Já o Flaming Lips contenta-se em ser grande apenas no Reino Unido. Dane-se. A música deles o tornam mais cosmopolitas que o papa. Pode ser algo misturado na pele de seus bichos fofos.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home

Comments: