Supersubfaturado

Monday, June 27, 2005

La hinchada grená

Há os que não se acostumam com o topo e cismam de sempre beliscar pelas beiradas. A felicidade da vizinhança pizzaiola da Mooca que o diga.
Num ponto é possível entender a lógica do Juventus, o clube atlético que restou no futebol paulistano (o outro, cujo gentílico da cidade o fez ficar conhecido mundialmente, aposentou-se quando o profissionalismo surgiu, na década de 30): por que ficar entre os dez mais, e não ter muito o que comemorar _qual a satisfação de um décimo lugar, hein companheiro?_, se é possível brindar a ascensão ano sim, ano não? É o caso da representação grená.
Ver o Juventus campeão é orgulho de poucos. O amigo FB e eu somos parte desses 2.500 que viram o quase impossível ontem. Antes de nós, só os que acompanharam a volta olímpica no Pq. São Jorge em 1983, campeões da Taça de Prata (como lembrou o FB, falta bordar a estrela prata acima do escudo. Cobremos), tiveram o privilégio. E a sensação de ontem foi diferente daquela do ano passado, quando acompanhei alguns jogos na Primeirona.
A princípio, a torcida se renova. Alguns empolgamos com jogos pela TV aberta, outros pelo charme de torcer pelo time que não tem títulos, mas carrega a tradição de um bairro e uma região. Os velhos do último ano, aqueles que reclamavam do "Bridá" e pegavam no pé do "dez" que mal sabiam o nome, deram lugar a um povo que repete os gritos de Boca e River com outros do Rio e enfeitam a arquibancada com os trapos de torcidas do Prata.
É molecada, mesmo. A molecada que é arrancada pela polícia ao dizer que a "zona leste dá porrada". Ou nem molecada é, como os angolanos parentes e amigos de Jhonson, o 9 que se despede rumo à Portuguesa, seu quarto clube no ano. E o Jhonson estava lá com a foice, o martelo, a estrela e o vermelho e o amarelo da bandeira do seu país em uma camiseta encoberta pelo grená e que sambou quando o papel voou com o título. 100% Angola.
O prazer de torcer está de volta. O bumbo da escola de samba do bairro encobre os gritos que irritam Maurício, o ex-corintiano que deixou passar dois gols na vitória juventina por dois a um.
O Juventus mostra o que é um jogo de futebol. É um jogo para torcer pelo que está mais próximo _seja de casa ou do coração. Abandonem a chatice, torcedores.

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