Supersubfaturado

Tuesday, September 27, 2005

Na mídia

Tem horas que dá gosto olhar os jornais e as revistas. Esta semana é uma delas: coisas boas e notícias bacanas, mas nem sempre boas, chegando às bancas. Deu vontade de comentá-las:
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Lobão na Imprensa
Sempre achei essa revista um atraso _para o estudante é ruim porque tornou-se fria e baba-ovo; para o jornalista, é fria e baba-ovo, então não há razão de lê-la. Mas a entrevista com o Lobão, o músico do ponta de vista jornalístico, foi ótima sacada. Estão lá suas opiniões sem querer forçar polêmica. Ele é autêntico, e tudo o que ele diz lá é autêntico pra cacete!
Sobre Chico Buarque, diz que é parnasiano e depressivo, lembra a ditadura e que ninguém mais precisa dele hoje em dia. Do filme Cazuza, acha uma bosta e diz que não fala dele, embora tenha sido um dos amigos do cantor _ "mas ainda bem, o Frejat apareceu e se fodeu". Reclama do governo Lula, e com razão, e sem resvalar no óbvio do "estou decepcionado" _decepcionado ele já estava antes, bom que se diga. Chama o PT de velho, como a velha MPB. E diz que o funk carioca é o que de novo há. Vai Lacraia. Vai Lobão. A gente precisa desse cara.
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Lobão na banca
A revista Outra Coisa continua ótima, embora mal-editada. Mas a deste mês tem textos melhores e um CD bem bacana, a da agência de DJs Smartbiz, mixado pelo Camilo Rocha. E tem texto sobre o punk sem resvalar em malices pré-históricas. Boa pedida.
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Jânio e o PT
Jânio de Freitas diz que o que todo mundo que analisa o PT e acompanhou sua história pensa mas não diz: que os rebeldes de ocasião estão deixando o partido talvez pensando em aprovação da mídia por conta das denúncias. Se queriam mesmo participar da "refundação do partido", por que não aguentaram até o final do processo de escolha do novo presidente? Notem: Berzoini não vai sozinho para o segundo turno; contra ele, há o esquerdista Pont, que é uma alternativa bem melhor que o Pomar, recém-aliado à turma paulista de Marta. Que tipo de gente é essa que descarta a opção de escolher uma alternativa a essa crise braba deste ano? Eles são parte de uma turma que sempre jogou fora a opção pelo jogo democrático _e nisso estavam embutidas uma série de aberrações históricas como o não ao colégio eleitoral em 1985, não assinar a Constituição em 1988 e dizer sim ao presidencialismo em 1993. Sem moralismo de ocasião, essa turma só fez mal ao partido. Que vá embora, então.
PS: Alguém aqui conhece Plínio de Arruda Sampaio? Ex-assessor de Carvalho Pinto, ex-democrata cristão, da ala conservadora na primeira formação do PT, mais ligado ao próprio currículo do que às lutas do operariado nos anos 80, de ousadia medíocre na Constituinte... Ele é o líder da debandada agora. O que ele faz agora é semelhante ao que já havia feito em 1988, quando perdeu as prévias para a Prefeitura de São Paulo para Luiza Erundina e ameaçou deixar o partido. Plínio, você já tem mais de 70 anos. Não é hora de parar de agir como criança mimada?
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História
Reportagem interessante sobre a greve dos mineiros no Reino Unido de Thatcher. O assunto interessa, sim. Mas interessa mais ainda aos ligados na música britânica. A greve ia ao encontro de tendências de pró-operárias do rock da época _é uma pena que a revalorização oitentista tem esbarrado apenas nas bobagens e nas americanices We Are The World por aqui, Brasil. Porque dá para lembrar de bandas que usavam essa era anticonservadora, de mineiros em greve, para fazer rock bom. E não só na greve, nas lutas antiracistas no norte, nas riots de Leeds, no discuso mais humanista quase trotskista possível. O lado bom dos anos 80 era isso. Era Gang of Four, era Dexy Midnight Runners, era Madness, era Clash, era BAD. Era isso e mais um pouco. Eram eles e os mineiros. E ainda dá para sentir o gosto na garganta.
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Bizz
A nova diagramação, a disposição das páginas, as seções das revistas gringas adaptadas ao nosso gosto. O samba, o rock, a música brasileira, a música popular mesmo... Meu, eu quero isso: quero ler sobre o Franz Ferdinand e o Arcade Fire ao lado da crítica do show do Netinho em Carapicuíba. Isso é rock.
Bem-vinda de volta, Bizz.

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