Supersubfaturado

Tuesday, March 08, 2005

Sanguinho velho

Esqueça o passado. Pensei assim, ao ouvir os 45 minutos do novo álbum do Manic Street Preachers, que tinha tudo para ser muito bom _ótimo produtores, ótima produção, os dez anos sem Richey dominando a imprensa musical. Enfim, 2005 poderia ser o ano deles, again.
¦Pois bem: poderia. Porque Lifeblood, apesar de capa e título lindos, não empolga. Estão lá influências velhas (o bom e velho punk funk de Gang of Four) e novas (o bom e velho punk funk de Gang of Four _não é brincadeira!) e nem tão novas (os teclados deslocados dos 80, o clima Bowie da produção bowieana). Mas as letras derrapam; as interpretações de James Dean Bradfield, também. Dá vontade de ouvir um de seus gritos entre os refrões, mas não: ele prefere cantar bem _e canta muito bem, sim, mas não é sobre a qualidade dos cantos que os roqueiros deitam. E as letras? Algumas envergonham, como Empty Soul (o título também é ótimo, mas a alma é vazia) e Glasnost. Outras ainda são o melhor de Nick Wire, o cara mais bacana do rock _tente Love of Richard Nixon, linda.
¦Bom, Lifeblood não é de todo ruim. Digamos que ele é um problema de estratégia. O MSP nos abasteceu demais com o passado nos últimos anos. Nos deu Forever Delayed, com um ótimo disco de remixes de brinde. E Lipstick Traces, a coletânea de lados B de 2003, é absurda. Sem entrar no detalhe do lançamento da edição comemorativa dos dez anos de Holy Bible no mesmo mês de lançamento do último álbum.
¦A impressão é de que nem o próprio Manics acreditava em Lifeblood. Nas últimas entrevistas, eles preferem mais falar sobre o velho e indispensável disco de 1994 do que do futuro ou do presente. É a escolha deles, enfim.

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